Líder indígena é morto a facadas no Amapá
O corpo do cacique foi encontrado dentro de um rio
Um líder indígena da aldeia Mariry, da etnia Wajãpi, no oeste do Amapá, foi morto a facadas quando voltava para casa. O corpo do cacique foi encontrado dentro de um rio, na cidade de Pedra Branca do Amapari.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) confirmou a morte, mas não deu detalhes sobre o crime. Segundo relatos dos índios, o cacique foi atacado durante uma invasão de garimpeiros à região.
Em nota, a Fundação informou que acionou as autoridades competentes assim que soube da ocorrência, no sábado. O órgão indigenista, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, deslocou uma equipe para o local, considerado de difícil acesso. Equipes da Polícia Federal (PF) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar do Amapá, também estão na região para apurar o ocorrido.
Ontem mesmo, a Procuradoria do Ministério Público Federal (MPF) no estado instaurou uma investigação criminal para apurar a morte do indígena Waiãpi. Procuradores já pediram à PF informações a respeito das denúncias de invasão à terra indígena e sobre as providências já adotadas para “evitar o agravamento do conflito”. "Não é possível afirmar com certeza o que ocorreu até agora", disse o procurador da República Rodolfo Lopes.
Em vídeo divulgado ontem nas redes sociais, pela prefeita de Pedra Branca do Amapari, Beth Pelaes (PMDB), o coordenador indígena do município Kurani Waiãpi relata que, segundo os Waiãpi, ao menos 50 garimpeiros fortemente armados estavam acampados já há alguns dias próximo à aldeia Mariry, no interior da terra indígena.
Frente
Em nota, a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas manifestou preocupação com o ataque e a invasão ao território indígena. “Reiteramos a obrigação do Estado brasileiro garantir o direito dos povos indígenas de terem medidas que evitem a prática constante contra a vida e os seus bens e de proteção devida diante da grave violação dos seus direitos, com a repressão e punição dos responsáveis”, destacou a frente parlamentar.
Também em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirmou esperar que os órgãos e autoridades públicas tomem medidas urgentes, estruturantes e isentas politicamente, para identificar e punir, na forma da lei, os responsáveis pelo ataque aos Waiãpi. “Esperamos também que o governo Bolsonaro adote medidas amplas de combate à invasão e esbulho possessório das terras indígenas no país”, destacou a organização indigenista, que é vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A demarcação da Terra Indígena Waiãpi foi homologada em 1996, por meio de um decreto presidencial assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. A terra mede pouco mais de 607 mil hectares (cada hectare corresponde, aproximadamente, às medidas oficiais de um campo de futebol oficial), espalhados pelo território de três municípios: Laranjal do Jari, Mazagão,Pedra Branca do Amapari.
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