Coronavírus: Rio amplia restrições em praias e centros comerciais
Comércio em favelas será fechado e estacionamento na orla, proibido
(Foto: Reprodução/Agência Brasil)
O prefeito Marcelo Crivella anunciou hoje (11) a ampliação das medidas restritivas para o isolamento social na cidade do Rio de Janeiro, por um período de sete dias. As medidas incluem novos pontos de interdição nos centros comerciais, a proibição de estacionar na orla e o fechamento do comércio nas favelas, com exceção de supermercados e farmácias.
As regras que serão publicadas entre hoje e amanhã (12) no Diário Oficial do Município, começam a valer nesta terça-feira. Crivella explicou que é preciso aumentar o isolamento porque a curva de contaminação acelerou na semana passada, quando o Rio atingiu 10 mil casos de contaminação pelo novo coronavírus.
"Aumentou o número de internações, aumentou o número de contaminações e aumentou o número de óbitos", disse o prefeito. Ele afirmou que, se pudesse, faria um lockdown para pessoas com comorbidades. "Seria o ideal."
Na avaliação do prefeito, um lockdown em todo o município do Rio só poderia ser considerado se houvesse mais ações de socorro à população, como a entrega de cestas básicas. "Centenas de milhares de cestas básicas ainda não chegaram.".
As medidas foram decididas após reunião com o comitê científico da prefeitura, no fim de semana, e o prefeito informou que foram levantados dois possíveis fatores que levaram a um aumento da curva: o descuido da população no feriado do Dia do Trabalho e a extensão da quarentena. "Há um certo cansaço; e as pessoas acabam se expondo mais.".
A aplicação das medidas se dará com o apoio da Polícia Militar, conforme combinado com o governo do estado. O emprego dos policiais se dará conforme planejamento que será traçado pelo gabinete de crise da prefeitura e pela corporação.
Interdições
Na semana passada, a prefeitura já havia interditado o acesso de pedestres e a abertura de lojas nos calçadões de Campo Grande e Bangu, bairros com elevados números de casos e mortes. Com o decreto de hoje, o acesso de carros particulares de não moradores será proibido em outros pontos da cidade, no centro dos bairros Méier, Santa Cruz, Madureira, Cascadura, Pavuna, Tijuca, Grajaú, Frequesia e Taquara
"Nossas medidas dependem muito da Polícia Militar. Nossa guarda é desarmada e tem imensas dificuldades para atuar em todas essas áreas em uma situação como essa que estamos vivendo", disse Crivella.
A prefeitura também vai decretar a proibição de apostas presenciais nas casas lotéricas. Segundo o prefeito, esse locais continuavam a aglomerar idosos, grupo que é considerado de risco em caso de covid-19.
Bares, restaurantes e lanchonetes serão obrigados a fechar nos próximos sete dias. Ao descrever as novas medidas restritivas, o prefeito detalhou que os estabelecimentos só poderão manter serviços de vendas para viagem e de entregas se mantiverem as portas abaixadas, sem qualquer tipo de consumo no local.
Nas favelas, a proibição se estende a todo o comércio, com a exceção de supermercados e farmácias. Já na orla da cidade, quem não morar nas proximidades não poderá estacionar veículos particulares, entre as praias do Leme e do Pontal.
A partir do decreto, a prefeitura também vai vetar a realização de obras que não sejam emergenciais.
Expansão
A expansão acelerada do coronavírus no Rio de Janeiro pode ser notada pelos próprios dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde. A cidade atingiu 10 mil casos antes do previsto pela projeção atualizada semanalmente e divulgada no painel mantido pela secretaria. A previsão é baseada em cálculos do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e foi revista pela última vez em 5 de maio.
No sábado (9), a cidade registrava 10.472 doentes confirmados, mil a mais que os 9.405 casos previstos. Segundo a curva desenhada na pesquisa, o patamar de 10 mil casos seria atingido hoje.
O chefe do gabinete de crise do Rio de Janeiro e secretário de Ordem Pública, Gutemberg de Paula Faria, destacou, durante o anúncio das medidas, que a ampliação do isolamento era importante para que o Poder Público conseguisse ganhar tempo para fornecer aos serviços de saúde respiradores, equipamentos de proteção individual (EPIs) e tomógrafos, que estão a caminho.
O município do Rio de Janeiro deve receber amanhã 150 respiradores e monitores para leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs), que chegarão em um avião da Latam que saiu da China e já está a caminho da Holanda, onde fará parada antes de pousar no Rio de Janeiro.
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