Futebol e guerra: Como o conflito na Ucrânia impacta os clubes locais?
Trio da região de Dombas convive com o exílio e a incerteza sobre o futuro
Foto: Divulgação/Shakhtar Donetsk
Enquanto o mundo se pergunta se haverá um conflito bélico entre Rússia e Ucrânia, milhões de ucranianos se preparam para um cenário de adversidade.
A crise com os russos não é nova, já acontece desde 2014, envolvendo separatistas que desejam a independência da região de Dombas.
No futebol, três times foram diretamente impactados pela crise. O tradicional Shakhtar, que teve o seu moderno estádio Dombass Arena bombardeado, e o Zorya, ambos da primeira divisão, além do Olympik, da segunda liga.
O trio joga longe dos seus domínios há oito anos. O Shakhtar, que é de Donetsk, e o Zorya, de Lungansk, mandam seus jogos na capital Kiev, a mais de 700 quilômetros de distância. O Olympik, também de Donetsk, escolheu Chernígov como sede provisória.
"Pensei que o conflito acabaria rapidamente, mas a guerra pode durar 20 anos. É a segunda guerra que vivi em minha vida, por isso posso assegurar que saúde e paz são as duas coisas mais importantes que existem", declarou o ex-jogador Darijo Srna, que defendeu o Shakhtar entre 2004 e 2018, em entrevista ao jornal Marca. Croata, ele viveu de perto o drama da guerra dos Balcãs nos anos 1990.
Os três times são da região que Vladimir Putin reconheceu a independência nesta terça-feira (22). "Creio ser necessário tomar uma decisão que deveria ter sido tomada há muito tempo: reconhecer, imediatamente, a independência e a soberania da República Popular de Donetsk e da Republica Popular de Luhansk", afirmou Putin durante pronunciamento oficial.
Se o processo de independência for bem sucedido, qual será o futuro dos três clubes citados acima? A FIFA já deixou claro que não aceitará a migração das equipes para a Liga Russa.
Como é difícil imaginar o sucesso de uma liga envolvendo apenas os times da região separatista, a tendência é que a curto prazo o trio siga atuando na Ucrânia.
O conflito entre ucranianos e russos já causa impactos no futebol. A UEFA, por exemplo, não permite que times, assim como as seleções dos dois países, se enfrentem.
Além disso, a entidade máxima do futebol europeu já planeja tirar de São Petesburgo, na Rússia, a final da Champions League deste ano, prevista para 28 de maio.