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Caso Luan e morte de torcedora do Palmeiras: Até onde o fanatismo leva?

Conversamos com uma psicóloga do esporte e advogado criminal sobre o assunto

Nos últimos dias, os amantes das quatro linhas foram surpreendidos com informações assustadoras, onde o meio-campista Luan Guilherme, do Corinthians, foi agredido por associados da torcida Gaviões da Fiel. Fato esse que acabou repercutindo até o sábado (08), onde uma torcedora do Palmeiras acabou sendo morta após uma garrafa de vidro ser lançada por um torcedor do Flamengo.

Apesar de casos como estes não serem novos no mundo do futebol, os acontecimentos acendem um alerta novamente sobre os limites da idolatria. De acordo com a psicóloga do esporte, Maíra Ruas, “o idolatrar está ligado ao fanatismo. E, todo fanatismo é irracional e não racional”.

“No fanatismo não existem duas verdades ou três. Existe só uma verdade, e essa verdade é obrigada a prevalecer sobre o outro. Então é esse o fanatismo que leva ao vandalismo, a não aceitar o outro por sua forma diferente de ser, a não aceitar que o outro não possa ser competente na atuação e aí os movimentos acontecem”, explicou.

A discussão se torna ainda mais profunda quando passamos a entender a influência do futebol no cotidiano. Desde a infância, haja uma rua ou uma quadra, qualquer chinelo ou lata acaba se tornando traves. E, ao longo da vida, muitas pessoas acabam depositando 100% das suas energias sob seu respectivo manto sagrado. Tanto é que há corintianos que evitam a cor verde, do Palmeiras, e Gremistas que já vetaram a cor vermelha, do rival Internacional.

“O futebol é a paixão nacional. Então, ele representa muitas camadas da nossa sociedade. Há uma projeção das pessoas em seus times de futebol, uma realização pessoal, uma resiliência, uma frustração. E, isso hoje tá superdimensionado por conta das várias informações e da proximidade com esses jogadores. Hoje em dia você pode saber tudo, onde estuda e onde mora”, disse a psicóloga Maíra Ruas ao ‘Portal da RedeTV’.

Apesar do amor, paixão e emoção, é necessário falar sobre limites. “A cobrança se torna disfuncional quando corre o risco de vida da pessoa”. “Lembrando que esporte de alto rendimento somente um ganha. Então, aprender a perder sendo competitivo também é uma tarefa importante. As pessoas têm dificuldade talvez de saber lidar com isso.”, finalizou a especialista.

Torcidas organizadas podem ser punidas?

Muito se debate também sobre as leis e punições corretas para casos assim, especialmente após o caso Luan em que as agressões teriam sido feitas por torcedores da Gaviões da Fiel. Porém, a questão parece ser mais difícil do que deveria.

Segundo o advogado criminalista Leonardo Gallo, “a torcida organizada não pode ser penalizada criminalmente por algum crime cometido pelos seus associados. Tendo em visto que a Gaviões é uma entidade, pessoa jurídica, ela no máximo poderia ser responsabilizada no âmbito civil, desde que haja comprovação do liame, entre o seu associado e a entidade torcida organizada.”

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