Inteligência Artificial e o risco na propagação de fake news
Ana Martins/ Redação RedeTV!Sistemas usados na criação de montagens e de diálogo levantam questões sérias sobre o uso da tecnologia
(Foto: Reprodução)
Dia 1º de abril é conhecido como o Dia da mentira, marcado por uma tradição popular de brincadeiras e pegadinhas. Entretanto, nos últimos anos o termo “fake news” se popularizou devido à propagação de notícias falsas.
Coincidentemente, cerca de uma semana uma fake news circulou mundialmente envolvendo a Inteligência Artificial (IA). Uma foto do Papa Francisco com um casaco estiloso foi criada pela IA. A imagem correu o mundo, e na segunda-feira (27), o responsável pela ideia Pablo Xavier disse, em entrevista, que queria gerar algo engraçado.
Além do Papa, Donald Trump e Vladimir Putin também tiveram imagens manipuladas nos últimos dias, causando dúvida nas pessoas, por conta da realidade das fotografias, o que gerou uma grande discussão mundial: como a Inteligência Artificial pode ser usada para aumentar a propagação de fake news?
O Portal da RedeTV! conversou com Arthur Igreja, especialista em Tecnologia e Inovação, para entender os riscos do avanço desses recursos tecnológicos.
Conforme explica Igreja, o grande desafio da evolução é a falta de discussão desses impactos. “O principal problema é o avanço pelo avanço, ou seja, sem essa discussão sobre seus impactos ou discussões muito superficiais. Porém, a grande questão é que estamos criando uma certa separação”, disse. O especialista ressalta que a tecnologia pode “resultar, no futuro, em uma desigualdade não só operacional, mas, obviamente, financeira acentuada pela IA.”
Em relação aos casos de manipulação de imagens, Igreja alerta os internautas para atenção a algo tendencioso e exagerado envolvendo determinada celebridade ou pessoa pública. “É fundamental que a pessoa faça uma busca, usar a imagem para fazer a própria busca no Google. E ela vai encontrar, eventualmente, de onde veio aquela imagem. É muito importante que a pessoa procure por pistas. Normalmente, a imagem gerada por IA tem o fundo um pouco borrado, é possível notar alguns pequenos erros, especialmente, nas mãos, nos olhos”, afirmou.
Especialistas pedem cautela com inteligência artificial
Além da manipulação de imagens proporcionada pela IA, o ChatGPT também vem gerando uma grande discussão.
Criado pela OpenAI, o ChatGPT demonstrou, a partir de relatório, que o robô teve o poder de mentir para conseguir ajuda humana. Suspenso no final de 2022, a plataforma tem capacidade de responder claramente a perguntas difíceis, escrever sonetos e até passar em exames. Em alguns países houveram proibição do uso e nesta semana, uma carta aberta especialista, incluindo Elon Musk, pediram uma pausa no desenvolvimento da tecnologia devido ao risco para humanidade.
Para Arthur igreja, a IA tenta encontrar soluções viáveis para solucionar problemas. “Não me parece que a IA ganhou consciência e confabulou que ela iria mentir. É o algoritmo tentando encontrar uma saída. E se as IAs aprenderem com exemplos humanos, com narrativas humanas, elas normalmente são permeadas por mentira. Precisamos lembrar que a IA aprende com base de dados que, por hora, ainda é majoritariamente criada por humanos”, explica.
O especialista ainda comentou que a discussão em frear o desenvolvimento da Inteligência Artificial é impossível, porém, é benéfica. “Mesmo que essa medida fosse hipoteticamente tomada por um determinado país, o que aconteceria imediatamente é que o desenvolvimento continuaria em algum outro lugar (…) Acredito que a discussão é extremamente importante e benéfica, mas não é algo que possa ser paralisado ou freado nesse momento.”
Igreja completa dizendo que a IA pode modelar a sociedade que será impactada em todos os aspectos. “Estamos chegando num ponto que é até difícil imaginar qual dimensão da sociedade que não é impactada por inteligência artificial”.
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