04/06/2024 11:30:00 - Atualizado em 04/06/2024 12:00:00

Peeling de fenol: o que é e quais são seus riscos

Marcelo Fischer / Redação RedeTV!

Procedimento estético causou a morte de um homem de 27 anos na última segunda (3)

(Foto: Divulgação/SAÚDE é Vital) 

O procedimento estético chamado “peeling de fenol” ganhou os holofotes com a morte de um homem de 27 anos que fez a aplicação na clínica de uma influencer, na Zona Sul de São Paulo.

O peeling de fenol se popularizou nas redes sociais com o grande volume de famosos e influencers compartilhando resultados impressionantes do procedimento, que promete um rejuvenescimento intenso do rosto, como se houvesse uma “troca de pele”.

Com um grande custo, que varia de R$ 10 mil a R$ 50 mil e com a promessa de grandes resultados, o procedimento é de grande risco, e pode causar danos irreversíveis à saúde da pele.

O que é o peeling de fenol?

Diferente de outros tipos de peeling químicos, como os de ácido salicílico ou glicólico, o peeling de fenol é uma intervenção mais agressiva e mais profunda. Ele é um procedimento dermatológico que busca a renovação da pele a partir da sua queimadura, promovendo a melhora da textura, redução de rugas, manchas e cicatrizes de acne. 

Ao longo do procedimento, se aplica uma solução à base de fenol na pele, que passa por uma descamação intensa e estimula a produção de colágeno.

O fenol, que nomeia o procedimento, é um composto orgânico mais forte que o álcool, e se não aplicado corretamente, pode levar a danos irreversíveis.

Quais os riscos do procedimento?

Com as grandes promessas de rejuvenescimento, vem a possibilidade de sofrer com as consequências do risco do peeling de fenol, como o aparecimento de manchas e cicatrizes, o repuxamento dos olhos

Mas, segundo o Dr. Alexandre Kataoka, cirurgião plástico e diretor do Departamento de Defesa Profissional da SBCP, “os maiores riscos são os problemas cardiovasculares, porque ele é um produto “cardiotóxico”, que tem uma interação no coração, além de interação no fígado e nos rins também”.

“É um produto que mesmo que aplicado na pele, tem toda uma absorção sistêmica, e principalmente pela toxicidade dele no coração, ele deve ser feito sob supervisão médica, e em local apropriado”, afirma o doutor.

Após a aplicação da solução à base de fenol, a pele fica extremamente sensível e inflamada, deixando o rosto com uma aparência “assustadora”, parecendo que sofreu queimaduras ou que a pele foi removida.

(Foto: Reprodução / Redes sociais)

Em um relato feito por um usuário da rede social ‘TikTok’, um homem diz que ficou três dias sem conseguir abrir os olhos normalmente após o peeling de fenol, e passou 12 dias sem poder lavar o rosto. Ele também relata que não conseguia cozinhar, já que o calor emitido pelo fogão poderia atrapalhar na recuperação da pele.

O procedimento também pode causar uma alteração da derme, em decorrência de uma hiperpigmentação pós-inflamatória, que consiste no corpo reagindo ao processo inflamatório com uma ativação exagerada de melanina.

Quais as possíveis sequelas?

De acordo com o doutor Kataoka, as sequelas podem ser locais, como “queimaduras ou alterações em colorações da pele”.

Ele explica que, como o fenol atinge não só a pele e sim todo o sistema, também é possível que haja alterações no coração, fígado e rins.

Para não correr o risco de sofrer danos graves após passar pelo procedimento, o doutor alerta para a importância de fazer uma avaliação prévia no paciente.

“Por isso é importante fazer uma avaliação prévia desse paciente, para ver se ele não tem uma doença, ou alguma doença de tratamento, cardiológicas, hepáticas, renais, tudo isso contraindica a aplicação do peeling de fenol”, alerta Kataoka.

O processo pode levar à morte?

Na última segunda (3), o paciente Henrique Chagas, de 27 anos, veio a óbito após passar pelo procedimento na clínica de uma influencer.

O doutor Kataoka afirmou que são diversos os fatores que podem ter causado a morte do homem. Ele cita primeiramente os problemas cardiológicos, hepáticos e renais que podem ser causados, caso o paciente já tenha alguma doença que possa afetar o coração, fígado e rins. 

Outro fator citado são os problemas anestésicos, que podem levar à uma intoxicação anestésica.

Por conta de todos esses fatores que podem ser fatais, Kataoka reforça: “Somente um médico pode identificar e tratar uma possível complicação. Por isso que esses procedimentos têm que ser feitos com monitoração, em um ambiente propício para isso, seja em uma clínica autorizada pela Anvisa ou em um hospital”.

O médico também faz o alerta: “Todo e qualquer procedimento invasivo tem um risco de óbito, infelizmente são procedimentos que não tratam somente a pele, eles tem toda uma repercussão sistêmica”.

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