Estimativa de público da PM é de 275 mil pessoas na Av. Paulista, às 16h
Camila Boehm e Daniel Mello/Agência BrasilManifestantes circularam com mais facilidade (Foto: Reuters)
A Polícia Militar divulgou, no final da tarde de hoje (12) em seu Twitter, que, às 16h, a manifestação na Avenida Paulista reuniu 275 mil pessoas. A corporação também definiu na rede social que o protesto ocorreu de forma “absolutamente pacífica”. Na manifestação do dia 15 de março, a corporação contabilizou 1 milhão de pessoas.
Neste momento, enquanto os carros de som fazem discursos acalorados, alguns pipoqueiros e vendedores de apitos e faixas oferecem seus produtos aos manifestantes.
André Araújo, 34, foi ao ato deste domingo porque considera a condição atual do país inaceitável e elencou como principais problemas a corrupção, a má gestão, o desperdício dos recursos públicos, o aumento dos impostos, a inflação e a má condução da economia.
“A manifestação é uma maneira da população se expressar e isso ecoar para outras pessoas. Isso tem uma repercussão na mídia, nas cidades do interior, para as pessoas que também compartilham dessa opinião”.
O jornalista Luciano Faccioli comentou o número menor de participantes nos protestos deste domingo. Assista:
A aposentada Julia Maria, 78, se manifestou contra a corrupção e por causa da falta de serviços públicos que atendam às necessidades do povo. “Eu não tenho saúde, não tenho educação, não tenho segurança, não tenho nada. Não tem nada de satisfatório. É péssimo em todos os setores, federais, estaduais e municipais”, disse. Ela deseja que o país invista na educação e na cultura, principalmente.
Marta Matos, 52, também está insatisfeita com serviços públicos e a corrupção e disse que o governo precisa respeitar a população e trabalhar pelo povo. “Não quero ‘Fora Dilma’, não quero impeachment, só quero que [os governantes] tenham vergonha na cara e comecem a agir como políticos que eles são”, disse.
Marta estava ao lado do marido, Paulo Matos, 54. Para ele, a corrupção é a questão mais preocupante no país atualmente. “A ansiedade e expectativa por mudança me trouxe para cá, não podemos ficar aguardando as coisas acontecerem. Temos que ser mais politizados e tentar mudar de alguma forma essa situação”, ressaltou.
O movimento SOS Forças Armadas, que defende a intervenção militar, teve a menor adesão entre as organizações que protestam na Avenida Paulista na tarde de hoje. Em reunião com a Polícia Militar, os grupos que convocaram a manifestação definiram lugares fixos para os carros de som. Antes, o Movimento Brasil Livre chegou a acionar a Justiça para que os grupos que defendem a intervenção militar mantivessem distância do carro de som do movimento. Com o acordo, cada grupo ficou com um espaço definido e o Brasil Livre desistiu da demanda judicial.
Na opinião de um dos organizadores do SOS Forças Militares, Mauro Guimarães, a rejeição dos outros movimentos em relação ao grupo é fruto de preconceito. Segundo Guimarães, que é professor de inglês e já serviu no Exército, a reivindicação do movimento é baseada no Artigo 142 da Constituição.
Essa parte da Carta Magna determina as atribuições e funcionamento das Forças Armadas. Guimarães, no entanto, acrescenta, por conta própria, uma suposta previsão de intervenção militar ao texto constitucional. “A intervenção militar é quando o povo pede”, diz para tentar diferenciar a intervenção de golpe militar, como o que levou à ditadura iniciada em 1964 e que durou até 1985.
No período, o Estado brasileiro restringiu as liberdades individuais e praticou violações dos direitos humanos. A imprensa foi censurada e a liberdade de expressão suprimida. A tortura foi usada nos interrogatórios dos opositores do regime.
Pelo menos 434 pessoas foram mortas ou desapareceram por ação dos agentes da repressão. Mas, segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, o número não leva em conta os camponeses e indígenas que também sofreram com as ações dos agentes da ditadura. A identificação dessas pessoas deverá aumentar o número de vítimas da ditadura.