Estudo aponta os problemas da lógica do "pensamento positivo"
Redação/RedeTV!Todo mundo já ouviu alguma vez na vida que o pensamento positivo atrai coisas boas. O poder do pensamento positivo virou base para um estudo conduzido pela professora de psicologia da Universidade de Nova York, Gabriele Oettingen, e tema do livro "Rethinking Positive Thinking: Inside the New Science of Motivation" ("Repensando o Pensamento Positivo: Por Dentro da Nova Ciência da Motivação", em tradução livre e sem previsão de lançamento do Brasil), e, segundo o estudo, seu impacto na vida das pessoas pode ser mais negativo do que se pensava.
Em entrevista ao New York Times, a professora explica que selecionou dois grupos de alunos universitários e os dividiu em dois grupos: o primeiro deveria mentalizar que a próxima semana de suas vidas seria excelente, com boas notícias tanto no campo acadêmico quando no social; já o segundo deveria registrar todos seus pensamentos e fantasias, não importando se fossem bons ou ruins.
Ao fim do período, os estudantes que deveriam mentalizar desejos de felicidade e sucesso se sentiam muito menos energizados e satisfeitos do que aqueles que foram instruídos a terem "fantasias neutras". O "otimismo cego", segundo Oettingen, cria uma espécie de sensação de "relaxamento complacente": fantasiar que iremos conseguir algo que queremos "engana" o cérebro em pensar que já alcançamos este objetivo.
Estar ciente de seus sonhos, mas também dos obstáculos no caminho para conquistá-los, é uma maneira mais efetivo de alcançar seus objetivos, argumenta a professora. Isso pode parecer óbvio, mas apenas uma em seis pessoas entrevistadas pensaram assim de maneira espontânea quando questionadas qual objetivo tem prioridade em suas cabeças.
Oettingen diz que um bom caminho seria não o tratamento psicológico, mas sim o que ela chama de "WOOP" - sigla para "wish, outcome, obstacle, plan"; "desejo, superação, obstáculo, planejamento". A ideia é utilizar a técnica do "contraste mental", imaginando não apenas a conquista de seu objetivo, mas os obstáculos para se chegar até lá.
Em um estudo com crianças, a professora dividiu dois grupos de crianças: um deveria imaginar um chocolate, que receberia se fizessem o dever de casa da escola. Já o segundo grupo deveria fazer o mais, mas também refletindo sobre atitudes que poderiam impedi-los de chegar até seu objetivo. Ao fim, o segundo grupo teve resultados mais positivos do que o primeiro.
O hábito de exercitar o "contraste mental" pode gerar hábitos alimentares melhores, dar mais controle sobre vícios como o álcool e ajudar quem está lutando para fazer dar certo o regime. Oettingen lançou inclusive um aplicativo gratuito, chamado "WOOP", que ajuda o usuário a traçar suas metas e objetivos.